quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A aposta e a entrega.

O que é ser um Discípulo? Para que se assume um compromisso vitalício relacional com alguém? Qual a necessidade desse compromisso para se aprender uma arte marcial? Acredito que a pergunta crucial dentre todas essas, e talvez a mais simples de se responder para mim seja o porquê sou um Discípulo do Mestre Sênior Julio Camacho. Ao qual me referirei por Si Fu (Líder de Família Kung Fu) nessas linhas. 


Cerimônia Tradicional de Discipulado em Dezembro de 2013
 de Claudio Teixeira com o Mestre Sênior Julio Camacho

Eu realmente não saberia explicar com exatidão todos os fatores que me motivaram aceitar o convite feito pelo meu Si Fu, quando me tornei seu Discípulo em Dezembro de 2013. Se fosse elencar o que me recordo com alguma precisão, parte dessa decisão eu atribuiu ao "magnetismo" de sua cativante personalidade, que até hoje me inspira tentar descobrir o que quero ser quando crescer, e outra parte numa  muito precária compreensão que apenas pela Vida Kung Fu se fosse possível desvendar o Sistema Ving Tsun. 


Claudio Teixeira e seu Si Fu, o Mestre Sênior Julio Camacho
Conversando sobre o Sistema Ving Tsun na Philadelphia.

Não que eu ainda não saiba o que quero ser do alto dos meus quarenta e oito anos de idade, mas que quanto maior meu entendimento da relação discipular, mais compreendo que haja espaço para eu crescer em todas as áreas da minha vida. Nisso que busco como o Desenvolvimento Humano, que é ofertado à todo praticante da Denominação Moy Yat Ving Tsun, meu Si Fu tem a exímia habilidade, quando me permito, de extrair de mim num processo de melhoria constante e progressiva, o melhor que tenho a oferecer à mim e à sociedade. E seu exemplo pessoal continua sendo uma fonte cada vez mais abundante de inspiração na minha própria capacidade de realizar e evoluir.


Aniversário do Mestre Sênior Julio Camacho em Copacabana 2020


Já ao que tange minha compreensão atual de vida Kung Fu, essa sim de 2013 para cá passou por saltos conceituais gigantescos, desde do dia que me tornei seu Discípulo, até o momento em que estou escrevendo esse texto. No início, "a tal"  Vida Kung Fu era um mistério, um véu de fantasias e projeções, onde eu passaria fazer parte de uma espécie de sociedade secreta onde os segredos do Sistema Ving Tsun me seriam revelados pelo compromisso assumido entre eu e meu Mestre, na crença que eu conseguiria um dia me tornar corporalmente tão habilidoso quanto ele. Tirando essa bobagem de sociedade secreta que nem vale a pena entrar no mérito, pois temos CNPJ e contas nas redes sociais, compreendo cada vez mais que  não tem mistério algum se praticar o atenção cuidadosa, ao qual usamos o termo zelo pela definição para se desenvolver como pessoa. O grande diferencial simplesmente está no uso do meu Si Fu como "alvo" para esse zelo, numa relação onde essa prática ocorre dentro e em pró de uma relação marcial. Bom, pelo menos para mim não existe mais nada de fantástico nisso, mesmo que para quem esteja lendo esse texto possa parecer complexo, ou estranho, cada vez mais compreendo que a ampliação da eficácia pessoal nas minhas relações com o todo, acontece naturalmente nesse convívio.


Foto Oficial da Prática na Sede do Clã Moy Jo Lei Ou na Barra da Tijuca, a esquerda
o Mestre Thiago Pereira ao lado de nosso Si Fu, o Mestre Sênior Julio Camacho 


Dado esses dois fatores da minha própria jornada marcial, venho compreendendo o tamanho da importância da minha própria entrega à essa relação, que já passou por tantas experiencias ricas, sempre numa crescente nos momentos onde as maiores dificuldades aconteceram. Paradoxalmente, minha relação com meu Si Fu sempre se tornou mais intensa, a medida que tivemos nossos maiores desafios em bancar nossa aposta recíproca nela. E talvez seja esse o segredo dessa crescente constante com alguns saltos exponenciais, justamente nos momentos mais complexos. Porque é comum se esperar de um Si Fu que essa aposta seja irrevogável, mas me inspirando na maneira como o meu Si Fu sempre se manteve firme diante dos riscos que correu em apostar em mim, eu também me dispus sempre em reinventar-me como seu Discípulo nessas ocasiões. 

E nesse espírito de mais um ciclo de evolução dos meu próprio compromisso discipular, que encerro esse texto embalado, no duplo sentido desta palavra,  pelo sentimento de renovação e esperança que toda virada de ano carrega como signo, desejo a todos um ano de 2021 com muito zelo e aproveitamento favorável em todas circunstâncias, e mesmo que sendo redundante nesses votos para quem pratica, para estes desejo um ano repleto de Kung Fu.



sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Cuidar do praticante.

 Dia 08 de Dezembro de 2020, a ainda  não inaugurada Sede do Clã Moy Jo Lei no Downton foi palco da primeira de muitas práticas coordenadas pelo Mestre Sênior Julio Camacho, ao qual passarei me referir por Si Fu (líder de Família Kung Fu) nesse texto. Numa proposição feita por meu Sihing ( irmão Kung Fu mais velho), o Mestre Qualificado Thiago Pereira, promovemos nossa primeira Tertúlia Marcial, onde pudemos refinar nossa conexão através da Programa Fundamental, num exercício simples onde através dos passos e gestos manuais, trabalhamos o timing na relação entre duplas, sem usarmos o toque.

Tertúlia Marcial na Sede do Clã Moy Jo Lei Ou CT Barra da Tijuca/ Downtown 
Coordenada pelo Mestre Sênior Julio Camacho

Sob o coordenação de nosso Si Fu, a atividade transcorreu numa crescente de desafios, onde pudemos trabalhar a marcialidade através da atenção ao outro. Digo isso, porque ao fim da prática, demorei um pouco reconhecer o aspecto marcial da proposta, mas meu Si Fu observou-me que se colocar de maneira integral em qualquer proposta, mensura o nível de Kung Fu de um praticante. Nessa observação final, me foi muito tocante uma orientação pessoal feita por ele diretamente à mim, quando fui chamado atenção de me colocar mais como praticante nesses momentos que como tutor. Ficha que demorou a cair no início, pela minha preocupação em absorver mais para meu processo de transmissão que para o meu processo de aprendizado.

Mestre Sênior Julio Camacho e Seu Discípulo o Mestre Qualificado Thiago Pereira 

Pequenas lições que me trazem grande inspirações, porque me fez perceber a importância de ser um eterno praticante, mesmo com o foco voltado para transmissão, pois me tem sido muito comum me preocupar tanto em cuidar da prática de outros, que de fato andava desligado de apreciar melhor meus momentos de aprendizado. Reforçando minha compreensão da importância da vitalicidade dessa relação com meu Si Fu, onde jamais deixarei de ser seu Discípulo e aprendiz. 




quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

O eixo do Kung Fu

Esse Dezembro de 2020 tem sido um mês muito especial para o Clã Moy Jo Lei Ou liderado pelo Mestre Sênior Julio Camacho, ao qual me refiro por Si Fu (líder de Família Kung Fu) Nessas Linhas. Após quase o ano todo afastado do país, desde que se mudou para Flórida em função do ambicioso projeto de internacionalização de seu próprio Clã. Abrindo as portas da ida de seus próprios Discípulos para o mundo através desse estratégico movimento. Meu Si Fu reservou o final desse ano complexo em todos os sentidos para todos nós, para passar o esse mês junto sua família pessoal e seus liderados na Vida Kung Fu. 

A aluna do CT Ipanema aprendendo sobre o Zelo
com o Mestre Sênior Julio Camacho


Há dois dias atrás, tivemos no Shopping Downtown, três atividades marcantes que deram início ao calendário aberto à todos os Graus Relacionais de nosso Clã onde pudemos estrear nossa nova Sede no Bloco 21, Sala 218, na realização de um especial Colóquio que deu o tom e os temas dessa série de eventos: a Atenção Cuidadosa e o Aproveitamento Favorável em Todas as Condições. 

Ouso dizer que esses temas, que podem ser traduzidos como Zelo e Apoio, são de longe dois pilares do processo de Transmissão de nosso Sistema pela perspectiva do meu Si Fu, quase como se o terceiro pilar, o Relaxamento, seja o o procedimento interno que permitem que essas máximas alcancem o mundo tangível.

Tutor Cláudio Teixeira participando do Colóquio com 
o Mestre Sênior Julio Camacho

 

Após uma hora ouvindo atenciosamente meu Si Fu, enquanto simultaneamente cuidava para que todos os detalhes do evento, a parte que mais me tocou sobre tudo o que foi dito, foi quando ele explicou que o papel da Família Kung Fu em termos pragmáticos é funcionar como um eixo entre o Sistema Ving Tsun e Vida Kung Fu. Em mias uma de suas explanações que ressignificaram o sentido de meu próprio entendimento sobre nossas Tradições, sua fala me deixou muito límpido o como a estrutura do das Listagens de Movimento de Combate Simbólico em contra ponto a Não Estruturada Vida Kung Fu, são literalmente mediadas pelas Processo Relacional da Família Kung Fu, pois estas tanto apresentam uma clara estrutura protocolar como um listagem, assim como uma mobilidade circunstancial dinâmica, como a vida em si.

Foto Oficial Colóquio com o Mestre Sênior Julio Camacho
Sede do Clã Moy Jo Lei Ou 08/12/2020

Nesse aspecto, entender a prática da crise como treinamento para se desenvolver a habilidade de promover oportunidade através  da primeira, num ambiente proporcionado por nossas atividades, onde a morte é simbólica e erro um aprendizado, nos permite compreender tanto a importância de se preparar cada vez melhor para cada ação, sem se tornar refém dessa preparação. Como explicou o Si Fu usando uma de minhas frases favoritas que ele aprendeu comigo: quer fazer Deus rir, faça planos. 

Nesse espírito do zelo, com o sentimento repleto pelo anseio de aprender cada vez mais nessa vitalícia relação Discipular, reforço meus votos à todo Clã Moy Jo Lei Ou, que sigamos juntos nessa jornada do saber e da tradição. 



segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Olhar é passivo, ver é ativo.

O Mestre Sênior do Sistema Ving Tsun de Kung Fu Julio Camacho, ao qual passarei me referir por SI Fu ( Líder de Família Kung Fu ) nessas linhas, constantemente nos alerta para a necessidade de termos atenção às palavras, e que buscar sair do automatismo do linguagem é um excelente dispositivo de alinhar o pensamento à uma atitude marcial.

Dessa maneira, é comum em nossas práticas do Nível Superior Final do Sistema, meu Si Fu atento de forma contundente nas pequenas brechas que deixamos em aberto no uso dos termos da linguagem, salientar como ser despretensioso, ou mesmo desatento as nuances da comunicação, nos deixa vulneráveis como entrar numa luta com a guarda displicente. 

Mestre Sênior Julio Camacho orientando Claudio Teixeira 
em Angola no processo de Mobilização 


Nesse fim de semana em específico, durante nosso encontro matinal de Domingo, dentre inúmeros assuntos abordados sobre nossa conduta marcial, todas com uma ênfase muito voltada para o uso do Kung Fu no dia dia, meu Si Fu levantou um tema, que sempre me passou desapercebido. O quando muitas vezes a ausência de atenção num dos sentidos que mais usamos durante a vida, é reflexo de uma baixa marcialidade para o cotidiano. 

Ao centro o Mestre Sênior Julio Camacho, 
À esquerda seu Discípulo o Mestre Thiago Pereira
À direita seu discípulo o Tutor Claudio Teixeira

Em suas palavras, não escolhemos o que olhamos, porque o ato de olhar nos é tão natural quanto displicente. O mundo diariamente passa pelo nosso olhar, e de maneira pouco objetiva, assistimos passivamente o que vai acontecendo, pois por não termos o mínimo controle sobre como as coisas vão se configurando diante de nós, acabamos por exercitar muito menos a capacidade de ver tudo o que deveríamos. 

Enxergar o mundo por um prisma Kung Fu, exige do praticante uma maneira de ver o mundo de forma muito mais ampla que ser um mero refém do que olhamos. É preciso estar sempre alerta, de forma relaxada, para que possamos extrair ao máximo benefícios legítimos do tudo que nosso olhar nos apresenta. Buscar ver além do senso comum, é uma maneira de interagir com a vida sem sermos reféns nem vítimas das circunstâncias. 

A lendária foto "Café na Linha Central" do
Mestre Sênior Julio Camacho tirada 
pelo olhar atento do seu Discípulo Claudio Teixeira 

Esses ensinamentos do meu Si Fu passados nessa ultima manhã de Domingo, me levaram à uma profunda reflexão do quanto por muitas vezes eu não consegui me conectar de forma eficaz aos outros e aos cenários que vida me apresentou, por pura passividade na minha maneira de olhar a vida. E o quanto ainda tenho através do Sistema Ving Tsun de Inteligência Marcial para refinar-me como ser humano. 




quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Os Desafios de um Mestre de Kung Fu na América

Mestre Sênior Julio Camacho
Senior Master Julio Camacho

Nascido no Rio de Janeiro no Brasil em 30 de Novembro de 1969, o Mestre Sênior Julio Camacho, Titulado pela Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence  em 15 de Março de 2003, iniciou sua jornada como Tutor do Sistema Ving Tsun de Kung Fu em 1992, tem sua vida praticamente voltada e dedicada às artes marciais.                                    Born in Rio de Janeiro, Brazil, November the 30th, 1969, Senior Master Julio Camacho, titled by the Moy Yat Ving Tsun Martial Intelligence in March the 15th, 2003, started his Ving Tsun Kung Fu System tutoring journey in 1992, dedicating a great share of his life to the martial arts.

Morando atualmente em Hallandale Beach, Flórida nos EUA, hoje enfrenta os desafios de ensinar Kung Fu na América, através Legado da Denominação Moy Yat Ving Tsun. Instituição de ensino dessa Arte fundada em New York em ,  pelo Patriarca Moy Yat quando se tornou o Primeiro Mestre de Ving Tsun reconhecido por Patriarca Ip Man (Mestre de Bruce Lee) a transmitir  o Sistema Ving Tsun para além da China em 1973.

Currently living in Hallandale Beach, Florida, USA, he faces today the challenges of carrying the Moy Yat Ving Tsun legacy, which has reached the Western world through Patriarch Moy Yat, who in 1973 established himself in America, by that becoming the first Ving Tsun Grandmaster recognized by Patriarch Ip Man (Bruce Lee's master) to transmit our art beyond China.

Mestre Sênior Julio Camacho ao lado de Patriarca Moy Yat que
Introduziu o Sistema Ving Tsun no Ocidente
Senior Master Julio Camacho
Senior Master Julio Camacho next to Patriarch Moy Yat 


 
Mestre Sênior Julio Camacho
ensinando o Nível Superior Final
do Sistema Ving Tsun
Senior Master Julio Camacho teaching
the last Ving Tsun system level

Sua ida para os EUA se deu através do ambicioso projeto da Internacionalização do Clã Moy Jo Lei Ou, instituição de Kung Fu que leva seu nome ao qual ele é o Líder. Projeto esse que  foi atravessado por todas questões geradas pela pandemia de Covid-19 que assolou todo o planeta gerando circunstâncias imprevisíveis em sua formatação.
Camacho's move to the US came as part of an ambitious Moy Jo Lei Ou Clan internationalization project, a Kung Fu institution that carries his name and of which he's leader. The project was trespassed by all the issues the Covid-19 pandemic has been generating to the world as whole, though he keeps on following his own maxim that tell us that "Kung Fu is the ability of generating benefits from any situation no matter how it presents itself".
  
Mestre Sênior Julio Camacho praticando seu
requintado Kung Fu no exuberante Grand Canyon
Senior Master Julio Camacho practicing his Kung Fu 
in the magnificent Grand Canyon

Guiado por sua própria máxima onde sempre afirma que: "Kung Fu é a habilidade de se gerar benefícios de qualquer situação, independente de como esta se apresente, além de se continuar conduzindo à distancia todas as decisões das três escolas que hoje lidera no Rio de Janeiro nos bairros da Barra da Tijuca, Ipanema e Tijuca, e apoiando o desenvolvimento  o Kung Fu de seus Discípulos no Brasil, e dando continuidade em seu trabalho em solo americano.

No dia 05 de Novembro de 2020 às 22:30 no horário de Brasília e 9:30 PM horário da Flórida,  o Mestre Sênior Julio Camacho participou do Podcast Bubbles que você poderá assistir pelo Youtube clicando (aqui), ou pelo Instagram clicando (aqui).

Besides remotely guiding the three schools he currently leads in Barra da Tijuca, Ipanema and Tijuca neighborhoods of Rio de Janeiro, backing up the Kung Fu development of all his Brazilian disciples and working on his goals on American soil.

On November 5, 2020 at 10:30 pm Brasília time and 9:30 pm Florida time, Senior Master Julio Camacho participated in the Podcast 22:30 GMT -3 (Brasília time)/9:30 p.m. GMT -5 (Eastern Time Zone) and you can watch it on YouTube or Instagram.


Não percam a oportunidade de participar dessa entrevista sobre como o Kung Fu pode ser usado contra os desafios da luta do dia dia, através da perspectiva de um Mestre.

Don't miss the opportunity of being part of this interview about the use of Kung Fu on the daily challenges of life, through the lenses of a Master.



 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Um novo ciclo.

        A mesa Ancestral de um Mogun (Sala de Guerra), conhecida por nós praticantes do Sistema Ving Tsun de Inteligência Marcial por SAM TOI, simboliza a parte mais importante de nossa cultura no que se refere ao processo conhecido por Família Kung Fu. O mestre Sênior Julio Camacho, ao qual passarei me referir por Si Fu (Líder da Família Kung Fu) nessas linhas, nos ensina que ao contrário do aparente aspecto de religiosidade em sua composição, não há um nada de metafísico atribuído à esse espaço tão importante em nossos Centros de Transmissão, mas sim um processo memorial. 

Mestre Sênior Julio Camacho
Sentado à Mesa Ancestral em Ipanema 

        Uma  das bases de nossa cultura Kung Fu se apoia no Zelo como pilar de nosso processo de transmissão, muito além de um conceito, a atenção cuidadosa faz parte de nosso processo pratico que deve se manifestar em nossas ações. Praticamos o Zelo no Mogun para agirmos em função desse mesmo Zelo na vida. Nesse aspecto, o cuidado com o SAM TOI é primordial para refletirmos a importância da Ancestralidade. Ao arrumarmos a Mesa, que trocarmos as frutas enquanto frescas, prepararmos o chá e acendermos o incenso, trazemos ao momento presente a memória de nossa Ancestralidade representada nos Carimbos de nossa Genealogia junto com a foto de nosso Patriarca Moy Yat. Meu Si Fu orienta compreendermos que Ancestralidade não se trata apenas de uma questão voltada para o passado, mas também para o o futuro, por que um dia seremos ancestrais de alguém. Dessa maneira, as duas cadeiras reservadas ao Líderes da Família, compõe esse simbolismo salientando que nossos Líderes são referências na busca pelo uso do Sistema como ferramenta de Desenvolvimento Humano

No último Sábado, dia 31 de Setembro de 2020, tive a honra de ser o responsável pela  Abertura do SAM TOI na nova Sede do Clã Moy Jo Lei Ou na Barra da Tijuca, localizada no Shopping Downtown. Numa Cerimônia onde participaram os Discípulos do Mestre Sênior Julio Camacho, meu Sihing (irmão Kung Fu mais velho) Vladmir Anchieta, e meus Si Daai (Irmãos Kung Fu mais novos) Guilherme de Farias, Maria Alice e Clayton Quintino, cumprimos o papel de representar nosso Si Fu nesse importante marco, transformando aquela a sala 218 do bloco 21 do Shopping numa Casa do Clã Moy Jo Lei Ou.

Tutor Claudio Teixeira em Cerimônia de 
Abertura da Mesa Ancestral Sede Barra

        O momento mais que especial em particular para mim, por poder Coordenar o rito nos ditames de nossos protocolos tradicionais, nesse novo momento para nossa Instituição. Sobe a orientação de meu Si Fu de Miami, vamos passo a passo preparando esse novo espaço para todo Clã e futuros praticantes do Sistema Ving Tsun. Sem deixar de ressaltar a emoção de ter ao meu lado nesse dia, minha filha mais velha, Alice. 

Maria Alice Teixeira Abertura SAM TOI
Sede Clã Moy Jo Lei Ou Barra da Tijuca

        Como diz meu Si Fu, temos que ter sempre muito cuidado ao pisar em um Mogum, pois estamos pisando sobre sonhos, sonhos esses capazes de ser realizado através da força dessa Família Kung Fu focada em seu processo de aprimoramento constante, não só do espaço físico, mas de cada de nós como indivíduos. No caso especial dessa Sede, não posso deixar de ressaltar que o momento é impar em nossa história, porque pela primeira vez, temos a oportunidade de manifestarmos o Zelo por nossa Casa Kung Fu com nosso Si Fu morando em outro país. Por tanto, cuidar desse local para recebê-lo em sua vinda ao Brasil no fim do ano, e preparar sua inauguração oficial, e eventos que se darão em função dessa vinda, será um especial exercício de Vida Kung Fu com grandes desafios, e enormes desenvolvimentos.

Sigamos Juntos!


Por Claudio Teixeira, Discípulo do Mestre Sênior Julio Camacho








sexta-feira, 30 de outubro de 2020

O Tao das facas.

             Ser um praticante do Nível Superior Final do Sistema Ving Tsun de Inteligência Marcial requer sempre algo além do prática e dedicação. Transformar as letais Ving Tsun Do em parte do seu corpo não é um tarefa treinável, mas um processo de sintonia de mim com o todo. Existem certos aspectos que consigo narrar, outros acontecem num nível mais profundo que apenas se manifestam e eu percebo. Quanto mais eu forço para dominar tais armas, menos eficácia sinto em minhas ações. Quanto mais respeito a natureza delas, mais o fluxo letal do traçado proposto na Sequência de Movimentos do Domínio se manifesta. 

Mestre Sênior Julio Camacho
exibindo o Baat Jaam Do

            Nesse aspecto, somente o olhar treinado de um Si Fu (Líder de Família Kung Fu) proporciona ao praticante a liberdade de ação necessária para cada movimento. A  longeva  relação discipular me permite me desnudar das várias camadas de artificialidade geradas pelos meus mecanismos de proteção acumulados em crenças. Ontem, durante minha prática semanal do Nível, algumas colocações profundas nesse sentido de meu Si Fu, me ajudaram em muito destravar algumas amarras que ainda impedem a fluência do meu Kung Fu. 

Mestre Sênior Julio Camacho acompanhando
 Claudio Teixeira iniciando sua carreira como tutor

            Ao mesmo tempo em que meu Si Fu apontava que cada movimento meu deveria ter mais efetividade, dizendo que a listagem não era uma dança, pois cada ação deveria conter uma intenção clara, ele salientava que essas mesmas ações deveria ter uma conexão entre si, me incentivando colocar mais arte no movimento. Para um leitor, parecem colocações paradoxais, mas ser conduzido pelo meu Si Fu à extrair o melhor de mim, através do zelo e do relaxamento, em movimentos de explícita e notória  letalidade, é uma tarefa de conexão indescritível da minha parte como Discípulo, e tenho certeza que da parte dele como Mestre. A busca do desenvolvimento humano que me permite ser uma pessoa melhor a cada dia, através de dispositivos cujos signo de morte é fundamental, apenas traduz um pouco do que significa a Listagem de Movimentos do Nível Superior Final para mim , e tal como Tao, o o Baat Jaam Do não se define, porque se definissem não seriam nem o Tao, nem o o Baat Jaam Do.


terça-feira, 27 de outubro de 2020

O papel de um Discípulo.

        Uma pergunta que não me dei conta de fazer antes da minha Cerimônia de Discipulado em 2013, foi questionar qual seria o papel de ser Discípulo. Porém o Mestre Sênior Julio Camacho, ao qual passarei me referir por Si Fu nessas linhas, sempre disse que a entrega de um nome Kung Fu sempre carregava uma característica que percebia na pessoa, uma missão, e uma advertência. Meu nome carrega em seus ideogramas a palavra honra no sentido de nobreza, e antepassados. E durante muitos anos eu nunca compreendi a escolha de meu Si Fu em me dar esse nome, ao qual pouco me identificava. Nunca me senti nobre, honrado e conectado com ancestralidade `altura de levar um nome de tamanho peso.  Com o tempo, fui percebendo naturalmente, tal  como a máxima que meu Si Fu disse algumas vezes,que o tempo se encarrega de fazer o Discípulo assumir seu nome a medida que passei me colocar mais como um liderança do Clã Moy Jo Lei Ou, minha missão de proteger e perpetuar o Legado do Sistema Ving Tsun.

           
Primeira prática na Sala da Sede do Clã Moy Jo Lei Ou

Um dos primeiros mergulhos mais profundos no meu nome foi justamente me colocar a frente do processo de dirigir um Núcleo do Clã em Ipanema, onde as advertências ocultas em meu nome Kung Fu foram ficando cada vez mais óbvias em muitas situações que não agia de maneira tão condizente com a responsabilidade óbvia que esse nome me trazia, e quanto mais encarava tais preceitos como desafios, mais era advertido pelas consequências dos meus atos. Toda essa situação começou se reverter quando comecei me dar conta que as circunstâncias do cotidiano eram meras batalhas diante da grande guerra que corria dentro de mim mesmo. 

            Com a ida do Si Fu para Miami, sua repetida fala a cerca que ancestralidade diz respeito também as gerações vindouras, começou ecoar dentro de mim, e passei por um processo de profunda reformulação da minha maneira de me colocar à serviço desse processo cada vez mais rico de me tornar um elo em essa corrente.  

            
Entrega da chave do Núcleo Barra

Ontem, eu pude ter a honra de dar um grande passo de maneira muito nobre nesse processo ancestral que tanto traduz meu nome, ao ser o integrante mais velho da Família Moy Jo Lei Ou presente na primeira atividade na recém adquirida Sede do Clã. Numa manhã de céu límpido, estive presente junto meus irmãos Kung Fu Guilherme de Farias e Carmem Maris dando o ponta pé inicial em todo processo do ponto vista gerencial desse grande desafio que é estruturar a ambiência objetiva de um Sala de Guerra que levará o Jiu Paai do meu Si Fu, na primeira ocasião em que ele não participará presencialmente desse processo por estar morando em Miami. E finalmente, após sete anos que carrego o nome Moy Kat Jo, que compreendi num nível mais profundo que minha missão nesse instante está contido no lema mais repetido de Si Fu, pois esse Sede será o local para possamos seguirmos juntos.




domingo, 25 de outubro de 2020

Reencontrando o rumo.

Da incontáveis palavras dirigidas à mim pelo Mestre Sênior Julio Camacho, ao qual passarei me referir por meu Si Fu nessas linhas, as que mais ecoam na minha cabeça, inclusive já escrevi e até gravei um vídeo sobre elas. Foi quando numa ocasião ele me disse: Claudio, você é uma pessoa tão habilidosa, que se houver uma enchente aqui neste local agora, você é capaz de transformar uma porta num barco, e salvar a todos aqui. Entretanto, se torna vítima dessa própria habilidade por abrir mão da preparação por achar que pode se garantir sempre, que jamais seria capaz de construir esse prédio. 

De fato, até aquele momento em minha vida, eu sempre fui muito mais voltado para "apagar incêndios que para projetar sistemas anti-chama". De maneira superficial, até me orgulhava de ter uma natureza com aquilo que eu entendia por Biu Ji (Nível Avançado do Fase Estruturada do Sistema Ving Tsun que fecha a primeira trilogia de duas do Sistema Ving Tsun). Porém confesso hoje, que nesse nível, ao qual estudamos dentro da emergência a capacidade de retornar ao estrategicamente ideal, eu sentia um desconforto que sempre me intrigou durante minha Jornada Marcial no Sistema. Era como se me faltasse algo, que não entendia bem, mas ficava como um ruído de fundo falando baixinho em meu intimo que eu estava fazendo aquilo errado. 

As  maiores vantagens  numa relação Si Fu Todai (Mestre Discípulo) é primeiro que, ao assumirmos o compromisso do Discipulado, assumimos mutuamente e vitaliciamente. Meu Si Fu estará sempre para me conduzir no desenvolvimento do meu Kung Fu, e cabe à mim procurá-lo da maneira adequada. E o melhor disso, temos uma vida toda para tal. Dessa maneira, mesmo por inúmeras vezes tendo eu me desanimado dessa jornada, e até me afastado por inúmeras razões, toda vez que retornava, meu Si Fu estava lá para me receber novamente. E assim, aos poucos, fui me sintonizando com uma frequência cada vez maior nessa relação muito especial que vem me trazendo incalculáveis benefícios, muitas vezes bem acima daquilo que posso até oferecer ao meu Si Fu como seu Discípulo. 

Hoje foi um desses dias onde me beneficiei muito acima do esperado, durante uma de nossas práticas on-line no Projeto Desvendando a Fase Estruturada, conduzida direto de Miami pelo Si Fu. Dentre atividades práticas sempre com um mergulho mais profundo no Sistema, estávamos estudando justamente o Biu Ji, quando na proposta de tirar minhas vendas, dentro da proposta que dá nome à série de práticas, fechei algumas lacunas em aberto sobre meu entendimento sobre o Sistema. 


Curiosamente, tenho tentado mudar minha maneira de ser já tem algum tempo, me voltando muito mais para a preparação, do que para a emergência. Para a prática de hoje, eu comecei me preparar ontem, tanto a ambiência, quanto corporalmente, tentando antecipar quais desafios poderiam surgir, e mesmo assim me decepcionei demais com minha atuação durante a execução de parte da listagem do Nível. Mas no Kung Fu, como me disse o Si Fu durante a aula, o resultado nunca é o mais importante, e sim o que extraímos da experiência. E dentro dessa máxima, após o término continuei praticando um pouco mais, buscando levar o aprendizado de hoje para a natureza do Domínio do Nível Superior final. E como num passe de mágica, consegui produzir alguns movimentos com as Facas VIng Tsun Do, com uma precisão e energia, que jamais havia conseguindo antes. Como se tivesse descoberto novas conexões energéticas entre o quadril, cotovelos e os punhos, as facas passaram deslizar com mais firmeza e suavidade em minhas mãos.

Mas na Guerra não há tempo para o luto nem para a celebração durante  pequenas batalhas. Logo que percebi essas diferenças, notei também que veio um novo conjunto de questões a serem resolvidas, nesse quebra cabeça sem fim de se usar o corpo marcialmente como uma ferramenta de aprendizado constante. Para minha sorte, ainda tenho muito dessa vida toda para novas descobertas nesse grande desafio do Kung Fu.


quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A Guerra e o Zelo.

 De acordo com Patriarca Moy Yat, Discípulo do Famoso Mestre do Bruce Lee, Patriarca Ip Man,  se mede o nível de Kung Fu de um Artista Marcial pela sua capacidade de relaxar e ser gentil, algo que parece contraditório ao que hoje pode ser considerado uma atividade física, ou esporte, mas que durante grande parte da existência da humanidade foi constituído em função da guerra. 

O Mestre Sênior do Sistema Ving Tsun de Inteligência Marcial, ao qual me refiro como Si Fu nessas linhas, afirma que a agressividade é matéria prima das artes marciais. Dessa maneira, parece cada vez mais contraditório falar sobre relaxamento e gentileza, quando falamos de Kung Fu.

Foto Tradicional Si Fu Todai

Primeiramente faz-se necessário compreender que o processo de desenvolvimento daquilo que nos compreendido como Kung Fu através do Sistema Ving Tsun, demanda uma ressignificação do senso comum sobre Arte Marcial. Entendendo o processo marcial como algo advindo da cultura da guerra, compreender que a grande guerra da humanidade é de fato aquela que ocorre dentro de nós mesmos, colocando o relaxamento sempre a melhor maneira de silenciar os anseios de maneira não se agir de forma precipitada, imprudente, contaminada por emoções exacerbadas, ou afetadas por uma leitura imprecisa dos cenários. Quanto mais nos colocamos sob tensão, menos temos a capacidade de sustentar um alto nível  de atenção por longos períodos. Para a luta do dia a dia, o relaxamento nos permite sustentar um estado mental de guarda e prontidão muito mais eficaz. Por isso a orientação de um Si Fu ultrapassa em muito o mero aspecto técnico marcial, e nos permite o desenvolvimento de uma condição mental alinhada e afiada. 

Quando meu Si Fu me diz por exemplo, durante uma Sessão do Nível Superior Final, onde para nossa segurança usamos réplicas de facas ao qual devemos tratar com o mesmo cuidado e atenção que os afiados e letais Ving Tsun Do, é justamente para me proporcionar uma ambiência subjetiva que permite o desenvolvimento de uma atitude mental marcial constante. E aí começa inclusive ficar mais claro o papel da gentileza. A gentileza manifestada pelo processo de atenção cuidadosa ao qual nos referimos por zelo, permite ao praticante de Ving Tsun, voltado para o desenvolvimento de seu Kung Fu, acessar uma camada além do conceito marcial do estilo, mas aquele que hoje seja o que mais me encanta, a parte artística. Também é muito comum ouvirmos do meu Si Fu que arte é a capacidade de colocar a expressão pessoal  transformando algo não definido em estado bruto, numa obra refinada que representa seu autor. 

O processo de uso do Sistema Ving Tsun como ferramenta de Desenvolvimento Humano, passa pela necessidade de um mergulho profundo nas nuances do conceito de humanidade. O relação discipular permite ao praticante fazer de nosso Si Fu como um referência do processo do Zelo, e nessa linguagem que quanto mais alto nível, mais silenciosa e discreta se torna, aprendemos que cuidado sem atenção e vice versa, desperdiçam o potencial de explorar da gentileza como um poderoso dispositivo desenvolver-se como artista marcial. 



quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Estudos fraternos.

Uma das grandes vantagens de se pertencer ao Clã Moy Jo Lei Ou,  Instituição que leva o nome Kung Fu do Mestre Sênior Julio Camacho, ao que me refiro por Si Fu (Líder de Família Kung Fu) nessas linhas, é que hoje temos uma grande variedade de praticantes sêniores com longas "horas de vôo" de experimentações do Sistema Ving Tsun de Inteligência Marcial. Ressaltando também, que o fato de estarmos sob a liderança de um Si Fu com quase duas décadas de experiência como Mestre, com maturidade para saber gerar cenários favoráveis para cada um de seus Discípulos desenvolver a expressão artística pessoal individual no aprimoramento do Kung Fu. 

Diante da riqueza de diferentes maneiras de abordar os dispositivos do Sistema, passamos promover encontros entre os mais antigos discípulos no Núcleo Ipanema, para trocarmos experiências e expormos nossas diferentes visões sobre a Fase Semi-estruturada. E nesse bate bola requintado com muita sintonia, tal como aqueles times bem entrosados de futebol que "jogam por música", sem a necessidade de nenhuma postura professoral, ou as antigas disputas de egos de quando éramos inexperientes praticantes. nos permitimos o fluir de nossas peculiares leituras com muito Kung Fu. 

Nosso Si Fu costuma dizer que não é nada suspeito pelo seu enorme e crescente entusiasmo com o Sistema Ving Tsun, porque dado suas décadas de dedicação em estudá-lo profundamente, suspeito é quando um "novato" tem tamanho apreço por essa obra de Arte Marcial, sem sequer conhecê-la muito bem. Nesse mesmo espírito, eu e meus irmãos Kung Fu temos buscados nesses encontros, de maneira muito serena e zelosa, mergulhar cada vez mais profundo nas incríveis nuances de cada dispositivo que foram nos apresentado durante nossas jornadas. 


O mais saboroso desse banquete marcial, é a sensação que tenho de poder ressignificar meus pontos de vista sem abrir mão dos meus entendimentos, pois cada encontro desse, onde a sintonia e a mente aberta de cada um de nós da "velha guarda"da Família se faz presente, é um evento de altíssimo nível promovido dentro de simples e bons momentos, nos ensinando aprender a aprender, de maneira sóbria, e muito divertida.



Nunca dê três passos maiores que uma braça.


Talvez um dos conselhos mais antigos que me recordo de ter sido repetido exaustivamente por todos os que conheceram em minha juventude é o sobre nunca se dar um passo maior que a própria perna. Minha natureza impulsiva, destemida e questionadora, sempre me levou ignorar essas sábias palavras como se fossem tolices que levadas ao pé da letra, me manteriam aquém do potencial que sempre vi em mim. A ousadia sempre me foi muito mais sedutora que a prudência, e hoje compreendo bem o preço que paguei em não entender que o problema nunca foi transgredir os limites que me impunham, mas sim não respeitar os meus limites até nas circunstâncias mais tranquilas.

Nos últimos meses, o Mestre Sênior Julio Camacho, ao qual me refiro por Si Fu nessas linhas (Líder de Família Kung Fu), vem ministrando diretamente de Miami aos seus discípulos aqui no Brasil, encontros on-line sobre sua compreensão e entendimento da Trilogia de Níveis que Compõe a Fase Estruturada do Sistema Ving Tsun de Inteligência Marcial. E em seus últimos encontros, fiquei muito satisfeito comigo mesmo em perceber que algumas profundas mudanças na minha velha maneira de agir e pensar, como o que mencionei acima no primeiro paragrafo, estão acima de tudo, muito alinhadas com a natureza dos Domínios do Sistema Ving Tsun dentro da perspectiva pessoa; que meu próprio Si Fu compreende.


No caso do Domínio Cham Kiu, Nível Intermediário da Fase Estruturada, cuja transliteração direta do Cantonês para o Português pode significar Ponte de Uma Braça, nomenclatura que num olhar superficial talvez não faça muito sentido para nominar uma das Naturezas de um Sistema Marcial, mas que quando se investiga com mais profundidade, compreende-se o simbolismo referente aos desafios dentro da própria capacidade,  através dos movimentos corporais em sintonia com a proposta de execução que a prática nos sugere. Pois esse conceito traduz em muito o executar  de sua sequência levando a energia gerada pelo corpo ao limite do próprio alcance em todas as direções, através da manutenção dinâmica do posicionamento ideal construído no Nível anterior, de maneira onde diferentes partes do corpo se movimentam sem se perder a fluência, na busca pelo equilíbrio, sempre respeitando os próprios limites. 

Quando durante nossa Prática Especial On-line, meu Si Fu ressaltou, que o grande desafio desse nível, tratava-se de desenvolver a capacidade de superar os pequenos obstáculos da vida, pois uma braça é o limite máximo de entre uma mão e outra com os braços esticados lateralmente, que dá o exato tamanho de três passos sobre uma base onde os pés ficam na distância ideal para um transferência de peso de maneira estratégica, imediatamente me senti satisfeito em perceber que já tem algum tempo que ando bastante atento em desenvolver a capacidade de "dar passos do tamanho da minha perna" em todas as minhas ações, e abrindo mão dos grandes saltos arriscados que sempre gostei de ousar em minhas decisões. 

Como também já ouvi inúmeras vezes no Círculo Marcial que é comum um praticante de Ving Tsun não se dar conta do quanto te Kung Fu conseguiu desenvolver. Essa semana foi um desses raros momentos que fiquei feliz em perceber o quanto amadureci nesse sentido. Mas como sempre me orienta meu Si Fu, não posso me dar o luxo de parar para comemorar, muito menos me dar por satisfeito por muito tempo para não incorrer no risco de se acomodar diante do tanto que se tem para aprender. Que venham novos desafios!



segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Kung Fu não se testa.

Nas palavras do Mestre Sênior Julio Camacho, o qual chamo de Si Fu nestas linhas (Líder de Família Kung Fu)  toda tentativa de se testar o próprio Kung Fu parte da ingenuidade do praticante. No alto Nível o processo de Desenvolvimento oriundo da prática do Sistema Ving Tsun, não se tem como testar o quanto temos de Kung Fu em nossas ações, primeiro porque nenhum resultado prático pelo olhar marcial pode ser dado como plenamente satisfatório, pois o Kung Fu nos impele ao processo de melhoria constante, e por fim porque a manifestação do Kung Fu desenvolvido por cada se dá na exata medida do quanto investimos no processo de próprio desenvolvimento. Como disse meu Si Fu hoje durante a prática do Nível Superior Final, o que se deve fazer, é simplesmente executar o que tem a ser feito, dentro da capacidade que se tem de fazer. 


O distanciamento emocional diante do resultado de cada ação de um praticante em busca pelo alto nível não permite quem caminha nessa jornada se envergonhar ou se envaidecer do próprio Kung Fu. A marcialidade de encarar o simbolismo de morte em cada ação, traz ao praticante uma profunda reflexão sobre cada processo de maneira buscar arte em cada gesto, e na arte não há erros nem acertos, apenas a expressão pessoal do artista. O que se consegue medir com relativa objetividade é o quanto essa expressão tem o poder de inspirar o outro através dos processos de mobilizações. 


Meu Si Fu sempre coloca o Kung Fu como uma lente que nos permite compreender o universo além da visão superficial do senso comum. Uma habilidade desenvolvida através do investimento inteligente e estratégico que se permite ir além do olhar coloquial sem colocar resultado acima dos processos. Portanto, avaliar de maneira cartesiana esse desenvolvimento em si já parte de um contra senso, porque não faz sentido algum estabelecer ou mensurar parâmetros para o desenvolvimento humano. 

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Família é para essas coisas.

         Muitos praticantes do Sistema Ving Tsun de Inteligência Marcial já devem ter se perguntado qual o papel de uma Família Kung Fu? Mesmo que não se tenha uma resposta pronta na cabeça, ouso dizer que todos que tenham vivenciado algum período dentro de uma experiência de Vida Kung Fu, sentem que sabem muito bem o significa pertencer à uma. 


        Durante muitos anos da minha própria jornada como praticante, eu não tive maturidade suficiente para apreciar o benefício de ter vitaliciamente alguém cuja responsabilidade é acima de tudo ser meu mentor dentro dos preceitos do Kung Fu. Em muitas ocasiões meu Si Fu (Líder de Família Kung Fu) me deu exemplos claros, orientações precisas, e apontamentos objetivos sobre o quanto eu desperdiçava essa incrível ferramenta de desenvolvimento ao meu dispor dentro da ambiência da Família Moy Jo Lei Ou.  E por inúmeros momentos que jamais voltarão, eu deixei-me escapar oportunidades ímpares de me desenvolver através dos desafios desse convívio nuclear de um grupo de pessoas dispostas se dedicarem ao nosso Legado Marcial. 


Família Kung Fu, ao contrário de uma família consanguínea, é um ambiente rico de experiências dissonantes onde todo processo independente do resultado pode e deve ser aproveitado para se desenvolver-se muito além daquilo que imaginamos sermos capazes. Através do constante investimento de nosso Si Fu na aposta de fazer de cada um de seus liderados grandes líderes. Ou como ele disse numa certa ocasião onde tive que trabalhar e superar meus desconfortos: seu sonho como Si Fu era que cada ato dele gerasse evolução em seus discípulos. Mas como diria Mané Garrincha, pra assim ser, "é preciso combinar com os Russos", ou, que o outro lado deve estar tão disposto nessa busca quanto nosso Si Fu sempre se coloca disponível na orientação. 


A minha concepção de Família Kung Fu já mudou inúmeras vezes, e minha maior esperança que que sempre mude, porque se assim continuar sendo, significa que continuarei disposto cada dia aprender e realizar mais através da Vida Kung Fu.  E qual é a sua?