sexta-feira, 15 de outubro de 2021

O poder do cuidado!

 É muito comum, não necessariamente uma regra. uma pessoa interessada em iniciar a prática de uma arte marcial, ser motivado entrar numa escola de luta buscando desenvolver um poder pessoal através do saber marcial corporal. Digo isso tanto como praticante, assim como o transmissor cada vez mais habituado em lidar com o público que entra em contato com o Sistema Ving Tsun de Kung Fu, por ser um dos responsáveis pelos  Centros de Transmissão liderados pelo Mestre Sênior Julio Camacho, a quem passarei me referir por Si Fu nessas linhas (Líder de Família Kung Fu). Em nossos Centros de Transmissão, entramos em contato com inúmeros conceitos incorporados em nossa cultura, e de longe ouso afirmar que aquilo ao qual sistematicamente nos referimos como zelo, traduzido pela atenção cuidadosa, é o pilar centrar de toda que permite a transmissão de toda riqueza de nosso legado centenário. O que para muitos pode parecer contraditório à necessidade de aprender a lutar, e ter justamente o cuidado princípio para desenvolver o poder que almeja ao buscar uma escola de artes marciais.

Na ordem horizontal:
Mestre Sênior Julio Camacho - Claudio Teixeira 
Mestre Pedro Lamarão - Mestra Sênior Úrsula Lima
Heitor Furtado - Mestre Sênior Ricardo Queiroz  

Recentemente recebi do meu Si Fu o convite de participar do segundo livro da coleção Fundamentos do Kung Fu, da qual ainda esse mês será lançada a primeira obra, cujo tema escrito por ele e seus irmãos Kung Fu, os Mestres Seniores  Úrsula Lima e Ricardo Queiroz, os quais me referirei por Si Suk ("tios"Kung Fu)  de agora em diante. Tais livros estão sendo escritos a partir de entrevistas feitas por três discípulos, um de cada Mestre acima mencionado, e na noite de quinze de Outubro de 2020, durante quase três horas tive a oportunidade de ter sido contemplado com a escolha de fazer parte da entrevista que servirá de base para para o segundo livro pelo título Cuidado, junto com Pedro Lamarão e Heitor furtado, discípulos do meu Si Suk Queiroz e Úrsula nessa ordem. 

Mestres Sêniores Julio Camacho,Úrsula Lima
e Ricardo Queiroz, ano 1995 Núcleo Jacarepaguá
 

Durante a longa e prazeirosa conversa, que se encerrou no meu estilo gostinho de queria mais, pude degustar em primeira mão, as respostas do três Mestres Sêniores de nas rodadas de três perguntas por discípulos, onde cada abordagem foi discorrida com toda mestria da experiência de décadas que cada um tem na bagagem, onde o tem Cuidado, com todo cuidado e atenção, foi revirado do avesso e desnudado, dentro das peculiaridades das percepções pessoais, sempre temperado com muita delicadeza com generosas pitadas do gigantesco arcabouço cultural dos autores. Numa sintonia de se fazer inveja as receitas mais requintadas da culinária, com cada qual se colocando de maneira não só complementar à fala de cada um, que pode ser comparado também à uma sinfonia de saber, que com maestria era se auto regia sem a necessidade de um maestro para se sincronizar. 

Como lição central que retirei dessa noite memorável, de uma maneira ímpar, me senti nutrido de uma saber que mais instiga o empenho em descobrir mais sobre o tema, diante de tantas possibilidades de se perceber, conceituar, praticar, transmitir, preservar e vivenciar a atenção cuidadosa que o tema se refere. Mais que isso, perceber esse zelo em movimento na própria construção desse projeto literário feito a três mãos, em cada detalhe tratado com fino esmero, que me reforçou em muito, o quanto a busca pelo poder através do Kung Fu traduz muito pouco do quanto o benefício de se desenvolver a capacidade de compreender a necessidade do senso de dever  no sentido da missão de legar e proteger. 





terça-feira, 12 de outubro de 2021

Bug no sistema - acesso negado!

Sou Claudio Teixeira, e hoje vou relatar sobre os meus desafios pessoais como praticante do Nível Superior Final do Sistema Ving Tsun de Inteligência Marcial, através da narrativa de mais uma de nossas Aulas Master votadas para praticantes da Fase Semi-estruturada do Sistema, conduzida pelo Mestre Sênior Julio Camacho, a quem passarei me referir por Si Fu (Líder de Família Kung Fu) nessas linhas. 


É bem comum meu Si Fu evocar o conceito de pequena guerra, aquela que diz respeito ao embate no campo de batalha, e a grande guerra, aquela que por sua vez aponta para a vitória sobre os conflitos internos de cada um, que permite ao combatente da grande guerra a disposição necessária para enfrentar a a morte. Trago esse tema hoje para ressaltar a importância da relação discipular nessa guerra interna que muitas vezes me impossibilitou diante da luta do dia a dia. 

Hoje foi um dia que poderia classificar sem exageros de épico em minha jornada como praticante do Sistema Ving Tsun. Por me fazer me sentir finalmente em paz com comigo mesmo diante do desafio de aprender lidar com as emblemáticas Ving Tsun Do (as duas facas que usamos para aprender o último Domínio de nosso Sistema). Há tempos venho me sentido angustiado por não conseguir expressar o Kung Fu que construí durante quase duas décadas como praticante, quando estava com as facas nas mãos, e de certa maneira, havia um bloqueio que me sabotava cada vez que tentava em vão lidar com tais armas, dos mais simples conceitos necessários para se trabalhar a natureza desse Nível, aos mais enigmáticos que algumas vezes me parecem ainda inefáveis.

O Jovem hoje Mestre Sênior Julio Camacho com 
as emblemáticas facas do Sistema Ving Tsun ao fundo
em foto no no Museu de Ip Man em FutShan, China.


Como responsável pela realização do momento, no início da prática, estava completamente absorto da prática em si, com o foco disperso entre gravar a prática, dar acesso à "sala" do Zoom, receber quem iria praticar do Núcleo Ipanema, fixar a tela para que a gravação colocasse em primeiro plano quem estava falando, ou praticando, e de certa maneira, contava que outra pessoa fosse apresentar a Listagem de movimentos, que tenho tido grande dificuldade em desenvolver. Mas, quis o destino que todos estivessem indisponíveis para tal hoje, me expondo num momento que não estava disposto. E quando iniciei a apresentação, um misto de vergonha, desculpas, desmotivações, e aquela vontade que me assombra que a hora passe voando para que aquele instante de desconforto passou em meu estômago. Digo estômago, porque minha cabeça procurava servir de ralo para esvaziar tantas travas que me surgiam. 

Mestre Sênior Julio Camacho orientando o manejo
das Facas do Sistema Ving Tsun


Nesse instante que a "magica" da relação Si Fu Todai (Mestre e Discípulo), se fez presente, quando por durante quase dez minutos interruptos meu Si Fu se dirigiu à mim, e percebendo que eu ainda estava fazendo várias coisas ao mesmo tempo no computador, me solicitou que eu abrisse mão do que estava fazendo, e focasse apenas no que ele estava me transmitindo. Gradativamente fui baixando a reatividade diante das palavras dele, e baixando a minha própria reatividade interna oriunda dos meus desconfortos, e consegui pela primeira vez executar precisamente alguns movimentos que tinha grande dificuldade em realizar. 

Durante uma das falas do Si Fu, lembro-me que ele nos disse que o processo das Aulas Master, muito além das tecnicidades de transmissão sistêmica, deveria acima de tudo se apoiar na relação, para nos permitirmos que cada aula pudesse ser um momento transformador. E completou ao final, que essa transformação, de maneira crescente e graduada, por menor que fosse a cada vez, pode criar um grande evolução ao longo do tempo. Lições que aparentemente podem parecer simples, mas que num ambiente marcial, me dão todas as armas que preciso para vencer minha própria grande guerra. 




quinta-feira, 7 de outubro de 2021

O tempo do Kung Fu

Sou Claudio Teixeira, praticante do Sistema Ving Tsun de Kung Fu, e venho por estas linhas falar um pouco sobre minhas considerações a respeito dos três Níveis iniciais dessa Arte Marcial, apoiado no último encontro on-line que tive com meu Si Fu (Líder de Família Kung Fu), na noite de quinta feira, 07 de Setembro de 2021, onde através do estudo da Fase Estruturada no projeto chamado Aula Master com o Mestre Sênior Julio Camacho, pude reafirmar alguns conceitos que há tempos venho me debruçando em compreender de maneira mais profunda e precisa. 

O Tutor Rodrigo Moreira executando a Lsitagens do Siu Nim Tau 
Orientado remotamente pelo Mestre Sênior Julio Camacho


Nessa noite memorável, meu Si Fu se aproveitou da presença de praticantes em cada um do Níveis do Sistema, para expor um pouco mais sobre sua própria visão do Sistema Ving Tsun, de uma maneira muito particular para cada um deles. Me fazendo rever minha própria jornada como praticante, e como o meu próprio amadurecimento na compreensão, tanto conceitual como prática, evoluiu desde de a primeira vez que iniciei minha própria prática. 

Os pontos ressaltados, me fizeram relembrar o quanto eu mesmo travei diante das Naturezas de cada Domínio desses Níveis, e como minha visão se modificou ao longo das minhas próprias descobertas. De uma maneira subjetiva, observar minha filha Alice, também praticante, não conter em suas expressões a empolgação ao despertar sobre certas nuances tão incorporadas na minha maneira de ver o nível básico, me instigou muito me debruçar um pouco mais naquilo que hoje para mim é tão óbvio, mas justamente por esse motivo, me fez repensar sobre o que é que eu posso estar deixando passar. Como disse o próprio Si Fu, no Nível Básico do Sistema, cada movimento pode ser estudado de uma maneira muito mais particionada, numa decupagem que parece não ter fim. 



Mestre Sênior Julio Camacho praticando com
 seu Discípulo Claudio Teixeira


Durante o momento voltado para o Nível Intermediário, eu fiz uma reflexão do quanto o equilíbrio emocional e corporal, intimamente conectados desde da estrutura neural que gerência nosso corpo nesses sentidos, são ampliáveis, me fazendo me lembrar como eu travava nesse na exploração desse Domínio, mas dentro do que compreendi das palavras do meu Si Fu,  cima de tudo, me senti compelido reforçar o desejo de buscar cada vez mais o que ainda tenho de potencial para expandir, acima de tudo observando o tanto que conquistei até hoje.

Mas foi um momento muito especial para mim da atividade de hoje, durante a fala dos meus irmão Kung Fu Fu Carmem e Raphael, que busquei extrair do retorno que meu Si Fu os deu, a grande lição daquilo que incansavelmente tento colocar em prática no meu dia dia. Quando ambos relataram suas dificuldades individuais diante da Natureza desse domínio, que exorta o praticante a qualidade da prontidão continua para qualquer ação, é que me lembrei o quanto o Kung Fu vem me ajudando vencer um dos meus inimigos mais íntimos. Minha própria procrastinação. Justamente quando o Si Fu afirmou que no Biu Je não existe desculpas. Pois justamente o treinamento de não se dar tempo de se dar desculpas, é uma das grandes características que permite o praticante não se vitimar, e dessa maneira se permitir reencontrar as condições ideais para uma resposta eficaz, mesmo diante de alguma crise que o desestruture.



terça-feira, 5 de outubro de 2021

Lapidação Kung Fu

O Mestre Sênior Julio Camacho, a quem passarei me referir por Si Fu nessas linhas (Líder de Família Kung Fu), tem por costume afirmar que arte diz mais respeito sobre subtrair, que acrescentar. Como por exemplo, ele costuma citar que o escultor é aquele que sabe o quanto retirar da pedra, material suficiente para transformar algo amórfico em algo que tenha sentido para quem admira sua obra. Nesse sentido,, acompanhando hoje através da Internet, uma de suas aulas master direcionadas aos praticantes da Fase Semi-estruturada do Sistema Ving Tsun de Inteligência Marcial, pude apreciar em primeira mão, através da sua condução, seu cuidado em apontar os movimentos excedentes que principalmente interferem na marcialidade de cada um de seus Discípulos. 

Mestre Sênior Julio Camacho e seu discípulo 
Claudio Teixeira  no CT Vitrine de Ipanema 

Através de um olhar preciso e atendo, nosso Si Fu hoje nos expôs de maneira simples e objetiva, aquilo que há tempos venho buscando  através da minha dedicação à nossa arte marcial: como tornar nossos movimentos cada vez mais eficazes, sem grandes desgastes e desperdícios. De Maneira que possa extrapolar isso para minhas ações do cotidiano, na constante busca do mais alto nível de Kung Fu a cada decisão que tome, seja na prática, seja no cotidiano. 

Mestre Sênior Julio Camacho e sua discípula
Alice Teixeira  no CT Vitrine de Ipanema 

Como já ouvi falar algumas em nosso meio marcial, Kung Fu é algo que se desenvolve muitas vezes sem sequer se notar, um conceito que se evidencia no simples ato de fechar uma porta com a energia correta para não gerar um barulho desnecessário, ou precisar se repetir a ação por ter deixado ela aberta; assim como de nas complexas tomadas de decisões que a vida nos apresenta, como  se preparar para se aproveitar a oportunidade de se mudar de país para e iniciar uma nova jornada num local distante do ambiente que conhecemos profundamente 

Ter a oportunidade de se apropriar do Kung Fu como um estilo de vida, me permite como praticante explorar todas as nuances das minhas próprias características, tanto as positivas, como as negativas, sem me permitir me dar o luxo de vitimar das minhas escolhas, ou das circunstâncias que num primeiro momento possam parecer desfavorável, tanto na hora da prática quando no dia a dia. Me preparando a sempre buscar em tudo apoio para melhor extrair benefícios reais e tangíveis para minha própria existência.