segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Pés no chão.

Prática na madrugada após um dia de  Imersão de Gest
Meu Si Fu, o mestre Sênior Júlio Camacho da Moy Yat Ving Tsun líder do Clã Moy Jo Lei Ou, sempre reforça que o processo de desenvolvimento pessoal através Sistema Ving Tsun, passa por alinhar o pensamento às ações através da perspectiva Kung Fu. Em termos subjetivos, para uma pessoa como eu, que sempre fui identificado por ter a cabeça nas nuvens, nunca me foi difícil conceituar sobre como o aprendizado das práticas poderia ser aplicado às necessidades do cotidiano. Sou capaz de passar horas pensando no assunto ao ponto de nem perceber o dia passar sem ter colocado nada em pratica, acreditem!
Praticando Chi Sao no Continente Africano em Angola 

Quando iniciei minha jornada no Kung Fu, já fazem bem uns dezessetes anos,  poderia já ter o completado o Sistema se não tivesse passado as horas que mencionei acima apenas refletindo e  tivesse praticado mais, eu verdadeiramente não entendia como as atividades não relacionadas às práticas de combate simbólico potencializavam o desenvolvimento marcial. Devo confessar que era muito estranho pra mim ver meus irmãos Kung Fu se dedicando nos processos do Núcleo, eventos e Família Kung Fu, como forma de aprimoramento pessoal. E sempre tinha uma boa desculpa para sair pela tangente dos convites que me eram feitos. Talvez essa dificuldade de compreensão se traduza um pouco no episódio da narrativa da mesma incompreensão onde recentemente Ismael, membro do Núcleo Ipanema, me disse que foi pesquisar na internet para mostrar à um amigo sobre nossa Instituição, e teve muita dificuldade de encontrar imagens de lutas, pois sempre que pesquisava sobre nós era uma enxurrada de fotos de refeições entre a Família Kung Fu. 

Viagem à Buenos Aires com Meu Si Fu 
E foi justamente minha relutância em mergulhar fundo na Vida Kung Fu, de maneira mais efetiva no processo da relação Si Fu Todai, que tornava a fantasia do Kung Fu algo sempre maior que a realidade do desenvolvimento humano que temos como principal "produto ofertado" por nosso trabalho. Sempre que eu ouvia meu Si Fu falar que Ving Tsun é um negócio tão legal que serve até pra lutar, eu jogava esse conceito muito mais para o campo da imaginação, que para o campo da prática. 

Foto Si-To Luxemburgo 2019






No ano de 2013, finalmente eu aceitei a aposta do meu Si Fu em mim, e aceitei o convite ao Discipulado, devo confessar que na época eu ainda acreditava que quem estava apostando era eu, mas prefiro deixar isso para uma postagem posterior. E em fim entendi que esse processo em si não mudaria nada se o simbólico  não service  como lastro para se impelir ações práticas. Passei me permitir apreciar as nuances da vida Kung Fu, principalmente nas viagens internacionais com meu Si Fu. Processos pesado de imersão numa dimensão de treino que vai muito além da prática de luta, onde a morte simbólica poderia ser apreciada em cada ato de um dia, do deixar uma colher cair no chão num café da manhã, ao quase perder um vôo por deixar meu laptop na sal de embarque. O melhor disso tudo, foi o aprendizado que minhas desculpas plausíveis como cansaço, problemas distantes, ansiedades e frustrações, se tornavam cada vez mais inverídicas para mim mesmo. 

Imersão de Gestão Kung Fu, Setembro de 2019
Hoje como profissional de Ving Tsun, algo que jamais haveria pensado na vida, meu olhar de dentro desse processo me faz perceber o quanto a ilusão do Kung Fu é distante da prática em si, nessa minha proposta em buscar desenvolvimento através de alcançar a excelência em cada gesto. Sei que ainda estou muito distante daquilo que enxergo como possível, e que talvez jamais alcance o que observo nos notórios exemplos que conheci dentro da Denominação Moy Yat Ving Tsun, mas uma coisa eu tenho certeza hoje, não vai ser viajando na maionese que chego lá,. Então peço licença aos que estão lendo, que tenho que pôr as mãos à obra aqui. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário