segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Lotus a Cavalo.

Cerimônia tradicional de Discipulado na Família Moy Lim Mah
Neste fim de semana o Rio de Janeiro foi agraciado pelo evento organizado pela Família Kung Fu Moy Lin Mah, liderada pela Mestra Sênior Úrsula Lima, diretora do Núcleo Copacabana, credenciado pela Moy Yat Ving Tsun Marcial Intelligence onde, apoiado na visita Oficial de seu líder, o Grão Mestre Leo Imamura, se realizou importantes atividades práticas para nossa Arte, inclusive um significativo Seminário de Geuk Jong, estudo voltado par se desenvolver a habilidade de deslocamento e chutes, ocorrida no Núcleo do Clã Moy Jo Lei Ou em Ipanema, por ser o único Núcleo da cidade que possui equipamento adequado para tal prática. No Sábado foi realizada uma tripla cerimônia de Discipulado dessa família, comemorando o aniversário de sua emblemática líder, minha querida "tia Kung Fu", na qual o referente termo Si Suk sempre carrega, de minha parte, um carinho muito especial.

Jovem Mestra Úrsula pegando pesado na preparação do Mogun.
Eu conheço minha Si Suk desde 2003 e provavelmente ela não se lembra, mas foi ela quem promoveu a abertura do meu Siu Nim Tau Nível Básico da Fase Estruturada do Sistema Ving Tsun. Após demonstrar a primeira parte da Listagem do Domínio, ela me disse a frase que eu talvez tenha demorado uma década para começar, minimamente, a compreender a relevância: "agora você já tem Kung Fu”.

Dentre este e outros incontáveis momentos vivenciados, uma experiência que muito me marcou logo no início de minha jornada Kung Fu foi apreciar sua dedicação e entrega na organização do evento da primeira visita ao Brasil da Si Taai Po, Madame Helen Moy, como liderança de nossa Denominação após o falecimento de seu esposo e nosso Patriarca Moy Yat. E, como sua imensa capacidade de superação em não perder a firmeza, mesmo tendo errado a sequência de movimentos durante uma apresentação do Biu Ji num evento organizado para praticantes do mundo inteiro aqui no Brasil.


Cerimônia de Discipulado da família Moy Lin Mah .

Lembro-me de quando ainda praticava no Núcleo Tindíba, em Jacarepaguá, que o máximo que conhecia dos níveis mais avançados era ver meus irmãos Kung Fu praticando nosso principal instrumento de combate simbólico conhecido como Chi Sau, um quadro ilustrando a Listagem dos movimentos do Bastão no Domínio Luk Dim Bun Gwan, Nível Intermediário da Fase Semi Estruturada do Sistema e ter visto minha Si Suk encapando a pegada das facas pro seu Si Hing (irmão Kung Fu mais velho), meu Si Fu, que reclamou que ela colocou a fita do mesmo sentido nas duas facas, dizendo-a: “de fato você ainda não entende nada de Baat Jaam Do”. Naquela ocasião o meu Si Fu me deixou o encargo de fechar a porta do Mogun, mas minha Si Suk prontamente me interditou. Na época achei que fosse algum tipo de percepção extra sensorial Kung Fu, por que, de fato, eu estava mal intencionado em descobrir onde estava guardado o par de facas e, por curiosidade, de mexer escondido nelas. Mas com tempo descobri que não se tratava de nada metafísico, apenas mais uma demonstração de sua imensa responsabilidade para com tudo que lhe é confiado.


Mestra Sênior  Úrsula Lima, líder da Família Moy Lin Mah 
A única tristeza que tive em nossa relação foi quando soube que ela escolhera seguir um caminho profissional nada referente ao Kung Fu e de fato senti como uma grande perda para as gerações futuras a falta dessa referência tão marcante. Mas a tristeza durou pouco, para sorte de todos nós que a conhecemos através do Ving Tsun, principalmente na data deste sábado, 21 de Setembro de 2019, quando Fernanda Lima, Heitor Furtado e Vitor Barros se tornaram seus Discípulos no Ato Cerimonial conhecido por Baai Si, que ocorreu numa empolgante Cerimônia Tradicional no salão de jantar do Windsor California Hotel, localizado em frente à praia de Copacabana. Aproveito estas linhas para parabenizá-los pela sábia decisão de vitaliciamente seguirem os passos de sua Si Fu. Dos inúmeros frutos da minha Si Suk não posso deixar de ressaltar a gratidão que tenho por ela ter recebido meus filhos em seu primeiro Núcleo de Copacabana, para praticarem enquanto crianças, com o apoio do meu irmão Kung Fu Guilherme de Farias, cedendo seu Mogun para esses pequenos membros da família do meu Si Fu, o Mestre Sênior Júlio Camacho.


Foto oficial atividade Geuk Jong do Núcleo Copacabana em Ipanema 
Em minhas tantas memórias, gostaria de destacar também a oportunidade que tive de acompanhar meu Si Fu à São Paulo no Conselho de Mestres, onde pude apreciar outra característica marcante de minha Si Suk, a determinação que a faz ser uma pessoa rígida e questionadora que só adere quando compreende plenamente o proposto. Mas a lembrança mais marcante que tenho de tê-la assistido foi, quando numa cerimônia tradicional na Filadélfia, mesmo com respaldo de ser uma Mestra titulada pelo Si Gung, foi colocada à prova toda sua destreza como praticante quando convidada à prática de Chi Sao entre lendárias figuras internacionais de nossa arte, demonstrando sua elegante marcialidade em alto nível de Kung Fu, sem descer do salto alto que calçava.

Na sexta feira, 20 de Setembro de 2019, quando minha Si Suk veio me agradecer por ter cedido o espaço do Núcleo Ipanema para atividade do seu fim de semana de eventos, com a presença do meu Si Gung (Grão Mestre Leo Imamura), meditei sobre o quanto fui eu quem ficou profundamente grato pela presença de sua tão madura Família Kung Fu na organização desse momento e, o quanto isso me serve de incentivo no meu próprio processo de transmissão do Sistema Ving Tsun.
Mestra Sênior Úrsula Lima, Ricardo e a Rebeca 

Hoje vejo minha Si Suk como um exemplo de integridade, de uma pessoa que consegue, com alto nível, integrar ser esposa, cuidar de sua família, ser mãe, ser mulher e ainda ser uma líder de família Kung Fu, tudo de uma maneira que demonstra, exemplarmente, aquilo que sempre ouvi Grão Mestre Leo Imamura, meu Si Gung (avô Kung Fu), dizer sobre o papel de uma liderança efetiva. Talvez a Mestra Sênior Úrsula Lima seja uma das fontes que inspira meu Si Fu, em sua paciente cobrança a seus próprios discípulos, nessa profunda entrega a algo tão maior que nós, de uma maneira tão integral quanto minha querida Si Suk. 

Por fim, gosto de pessoalmente interpretar seu nome Kung Fu como “a resiliente Flor de Lótus” que, com a força e mobilidade do Cavalo, agora brinda o mundo no desafio da internacionalização da sua própria Família, com seu abundante altíssimo nível de Kung Fu, dando muito mais sentido ao conceito de humanidade que tanto pregamos. 

Um comentário:

  1. Gostei muito do texto. Descreve com clareza o que aconteceu. É muito entusiasmado com as atitudes dos mestres. Ótimo!

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