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Mestre Sênior Julio Camacho manuseando réplicas de prática dos Ving Tsun Do |
Me lembro que quando comecei praticar, por volta de 2002, foi me explicado na época que cada um dos seis domínios tinham naturezas que se relacionavam com conceitos específicos. E que o acesso ao Nível Superior Final, aquele cuja conclusão lhe habilitava se tornar Mestre Qualificado e Líder de Família Kung Fu, apontava para o aprimoramento do poder de Síntese. Desde do primeiro dia em que ouvi falar isso, encarei que chegar nesse ponto era poder desenvolver a capacidade de lidar de maneira simples com questões complexas, o que eu ainda não havia compreendido é que existe uma diferença abissal entre simplicidade e facilidade. Pois apenas o tempo foi me ajudando compreender que desenvolver Kung Fu não é fácil, mas torna a vida mais simples.
A primeira vez que tive contato com as Facas do Sistema foi nas mãos da Sisuk (Tio Kung Fu mais novo) Úrsula Lima, na época ainda praticante do Nível Avançado de Natureza "Biu Ji. Ela estava encapando com uma fita a empunhadura das armas de prática do meu Si Fu, e me recordo dele tê-la orientado que o sentido que ela usou para passar as fitas não era favorável ao manejo do "Do", o que me chamou atenção em tentar compreender o porquê faria sentido isso. Na cultura de nossa Linhagem, a prática e acesso ao Domínio "Baat Jaam Do" sempre é feita de forma restrita aos praticantes que estão no Nível, portanto, demorou mais de uma década e meia para de fato começar compreender aquilo que me parecia certo preciosismo naquela orientação.
A primeira vez que tive contato com as Facas do Sistema foi nas mãos da Sisuk (Tio Kung Fu mais novo) Úrsula Lima, na época ainda praticante do Nível Avançado de Natureza "Biu Ji. Ela estava encapando com uma fita a empunhadura das armas de prática do meu Si Fu, e me recordo dele tê-la orientado que o sentido que ela usou para passar as fitas não era favorável ao manejo do "Do", o que me chamou atenção em tentar compreender o porquê faria sentido isso. Na cultura de nossa Linhagem, a prática e acesso ao Domínio "Baat Jaam Do" sempre é feita de forma restrita aos praticantes que estão no Nível, portanto, demorou mais de uma década e meia para de fato começar compreender aquilo que me parecia certo preciosismo naquela orientação.
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Claudio Teixeira observando seus irmãos Kung Fu praticando o Baat Jaam Do |
Ainda me lembro como se fosse hoje meu primeiro dia de acesso à esse Nível, como costumamos chamar "Hoi Do" (Abertura do Domínio). E o como me foi emblemático a maneira que meu Si Fu, através da sua experiência, expôs as brechas na meu Kung Fu, que mesmo com múltiplos anos de prática, não me permitia impingir ao manejo das facas nenhuma marcialidade efetiva. Mesmo com duas armas nas mãos, a sensação que vulnerabilidade era tamanha, que de fato me sentia mais seguro desarmado que com elas. Dessa forma, o simbolismo da morte que tanto trabalhamos no processo de desenvolvimento de Kung Fu, me deixava claro que não saber trabalhar com a natureza imanente de qualquer objeto, torna impossível extrair o potencial de letalidade eminente simbólica, ou real, mesmo que este seja uma arma.
Desta forma, desenvolver-se no acesso à Natureza do Nível Superior Final, é percebido hoje por mim como compreender e extrair o potencial marcial de qualquer ente. E como meu Si Fu sempre alerta, marcialidade e precisão são conceitos que coadunam e suas essências. Isso tudo me faz lembrar do dia em que uma comitiva muito especial da Família Kung Fu, foi à Buenos Aires, no Mogun (Casa da Família Kung Fu) do meu Sisuk Leandro Godoy, conhecido pelas suas impressionantes habilidades de cutelaria, para buscarmos os Ving Tsun Do personalizados sob encomenda, de acordo com as medidas corporais de cada praticante do Sistema Ving Tsun. Aquilo que acima chamava de preciosismo, e hoje compreendo como precisão. Nessa viagem, em especial, eu liderei essa comitiva, e o sucesso de cada etapa me ajudou aprender mais ainda sobre como tais momentos de Vida Kung Fu carregam em si o potencial de traduzir a marcialidade para o cotidiano.
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Comitiva da Família Moy Jo Lei Ou liderada pelo Mestre Sênior Julio Camacho(acima à esquerda) à Buenos Aires em 2019 |
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