quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Faça o que tem que ser feito agora!

 O Mestre Sênior Julio Camacho, a quem passarei me referir por Si Fu nessas linhas, que quer dizer em Cantonês: Líder de Família Kung Fu, costuma afirmar que Marcialidade pode ser compreendida como a gestão das consequências das próprias escolhas. Dessa forma, um dos comportamentos que eu, Claudio Teixeira seu discípulo,  posso compreender que seja mais anti-marcial, e por consequência mais contraproducente ao conceito mais amplo do termo Kung Fu, é a procrastinação. 

Mestre Sênior Julio Camacho conduzindo da Flórida
A Aula Master de sua Discípula Mayara Rodrigues no Brasil.



Não que Kung Fu possa ser traduzido apenas como marcialidade, mas esta como uma das características essenciais aprendidas através da pratica do Sistema Ving Tsun de Kung Fu,  tende a ser compreendida. como a capacidade agir com precisão, excelência e pontualidade diante de cada escolha contida em cada instante do cotidiano. Pode parecer a princípio exagerado e impraticável esse grau de atenção e cuidado a cada momento da vida, e acima de tudo, num primeiro instante, e dar a impressão ser necessário esforços gigantescos seguidos de uma tensão mental constante que levaria qualquer um à fadiga nos primeiros horários do dia. Mas justamente a Vida Kung Fu pode ser compreendida pela extrapolação para a o dia a dia da prática deste Sistema Marcial que exorta a conduta feminina, portanto a força bruta, ou a resistência através da tensão exagerada  passam longe das premissas necessárias para um praticante de Ving Tsun lidar com os próprios desafios. 

Mestre Sênior Julio Camacho explicando a importância da
reposição no Sistema Ving Tsun


Meu Si Fu sempre alerta para a importância do posicionamento adequado e a atualização precisa deste toda vez que afetado. Isso quer dizer que a força bruta extraída de movimentos corporais acentuados, através de técnicas treinadas à exaustão, não fazem parte da forma como exploramos praticar o Sistema Ving Tsun. Buscamos ao contrário de repetições de movimentos, muitas vezes onde a concentração mental se focada na precisão técnica, estudar o efeito causado pelo posicionamento e sua atualização constante durante a prática física, assim como na pratica da Vida Kung Fu. Dessa maneira nossa guarda é talvez um dos dispositivos corporais que torna mais evidente todo esse processo. 

Eu, Claudio Teixeira, e o Mestre Sênior Julio Camacho 
em momento de Vida Kung Fu


Nossa guarda, bastante peculiar dentre as demais artes marciais existente, ao invés de uma técnica voltada para salvaguardar o corpo de golpes desferidos por um oponente, se posiciona com as duas mãos alinhadas à frente do plexo sendo uma na vanguarda, e outra na retarguarda desta, ocupando a linha central frontal do corpo de forma ofensiva e contundente. A mão que está à frente sempre em prontidão para um avanço pelos espaços não ocupados pelo oponente, e a que se posiciona atrás, com atenta a repor a primeira, caso este espaço seja obstruído pela defesa, ou ataque do outro. Extrapolando essa conceito para a Vida Kung Fu, percebemos que ao invés de buscarmos a mera ampliação da capacidade de golpear, ou agir conforme as situações do cotidiano através de decisões impulsivas, ou mesmo ensaiadas, são padrões que denotam um nível precário de Kung Fu de um praticante do Sistema Ving Tsun. Pois a marcialidade em alto nível pode ser entendida como uso estratégico dos recursos disponíveis de maneira se aproveitar de qualquer circunstância, sem forçar para se dar resultado necessário, se apoiando nas situações como estas se apresentam.

Portanto a maneira mais simples de organizar-se para vida passa longe dos complexos projetos muitas vezes inviáveis que fazemos olhando para o amanhã, mas sim estar bem posicionado diante dos desafios que o momento presente nos oferece, atualizando-se constantemente de maneira relaxada e atenta, para fazer o que precisa ser feito agora.



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